Diante das propagandas que assistimos, se conseguíssemos catalogar todas as propostas apresentadas pelos diversos segmentos da campanha eleitoral, seria possível descrever quase um novo paraíso terrestre, dada a aparente perfeição de todas as realizações prometidas.

Muitos candidatos oferecem serviços de todos os tipos, como se fossem competentes em todas as áreas, que vão do saneamento básico às estradas e novos aeroportos, hidrovias, hospitais, escolas e revolucionários programas de educação.

Com isso não tem gente que começa sonhar, aguardando a realização de projetos que se repetem, para posteriores decepções diante da irresponsabilidade e da corrupção.

É claro que existem passos dados, com crescimento em várias áreas da vida, em nosso país.

Reconhecê-lo é condição para olhar para frente e para o alto, desejando que direitos fundamentais, baseados na inalienável dignidade da pessoa humana, sejam considerados e transformados em ações concretas.

Temos a lamentar o fato de muitas das promessas serem guardadas a sete chaves ou apenas esquecidas.

Que capacidades reais possuem aquelas pessoas que nos garantem benefícios que ultrapassam sua competência?

Será verdade, por exemplo, que um membro de qualquer nível do poder legislativo pode assegurar quilômetros de estradas, novas vagas de hospitais, influência no poder judiciário?

Que condições têm os candidatos ou candidatas para enfrentar os debates legislativos, aportar contribuições efetivas e fiscalizar as ações do poder executivo?

Basta que se apresentem como membros de organizações de base na sociedade, nas quais exerceram certamente um papel significativo?

São perguntas que dizem respeito à preparação, capacitação e disposição para o trabalho.

Nosso Senhor, na Parábola do Bom Pastor (Cf. Jo 10, 1-16), distingue no serviço do rebanho os pastores e os mercenários.

Os mercenários são assalariados, sabem fazer os trabalhos, mas não tem a ligação visceral com o rebanho, própria do pastor, que é capaz de dar a vida pelo rebanho.

. No pastor, vida e trabalho se identificam, pois ocupa seu tempo e seu coração com as necessidades do rebanho, trabalha porque ama!

Aqui se encontra um ponto decisivo para a sociedade.

Uma boa dose de idealismo faz muito bem ao nosso tempo, de forma a dar sentido às atividades das pessoas.

Um mundo em que as pessoas só possuem direitos e nenhum dever, onde tudo funciona apenas na base da reivindicação, torna as pessoas frias e implacáveis umas com as outras.

Será que não vai valer a lei do mais forte, quando busca-se o caminho para destruir os adversários, transformados em inimigos.?

 

. E os cristãos estão presentes neste mundo, cabendo-lhes a responsabilidade de ser diferentes, para melhor!

É que Jesus enxerga o mundo de forma diferente e propõe novos critérios, a serem aproveitados inclusive em nosso tempo.

Para o Senhor, a preferência vai para os últimos e pequenos, desprezados por todos.

Podemos até perguntar: quantos dos nossos bravos candidatos estão dispostos a arregaçar as mangas e ir às periferias geográficas e existenciais de nosso país?

Por isso é necessário um sadio discernimento para distinguir “o milho do feijão”, do dizer simples do povo, para decidir corretamente.

. O convite do dono da vinha vale para todos.

“A parábola do Evangelho abre aos nossos olhos a imensa vinha do Senhor e a multidão de pessoas, homens e mulheres, que Ele chama e envia para trabalhar nela.”

A vinha é o mundo inteiro (Cf. Mt 13, 8), que deve ser transformado segundo o plano de Deus em ordem ao advento definitivo do Reino de Deus.

Por isso devemos respirar missão e testemunhar algo diferente que possa suscitar uma nova esperança.

 

Firme na fé e fiquem com Deus