3d-inocencioFilho de Eduardo e Vitória, Inocéncio López Santamaria nasceu no dia 28 de dezembro de 1874, na aldeia de Sotovellanos, na província de Burgos, comarca de Odra-Pisuerga. Foi batizado na Igreja Paroquial da Anunciação de Nossa Senhora.

Foi coroinha do pároco Dom Patricio Hurtado, com quem fez a Primeira Comunhão e aprendeu o latim, o que lhe foi muito útil posteriormente, nos trabalhos eclesiásticos.

Ingressou na Ordem das Mercês no Convento de Conjo, em Santiago de Compostela, sendo recebido pelo superior Pe. Boaventura Boneta. Veste o hábito branco em 25 de dezembro de 1890, com 16 anos de idade, dando início ao seu  noviciado  no mosteiro de Poio, Pontevedra. Em 27 de dezembro de 1891 emite os votos de pobreza, obediência e castidade e o quarto voto próprio dos  mercedários, de tirar de qualquer cativeiro um irmão que sofre. A vida religiosa o entusiasma e se dedica com afinco a vive-la entre os irmãos de hábito. Em 1897 recebe a ordem de Subdiaconato e o Diaconato no dia 18 de abril de 1897. Foi ordenado presbítero em 18 de setembro de 1897, por Dom Valeriano Menéndez Conde, na cidade de Tuy,  Pontevedra.

Dada a sua grande espiritualidade, foi designado mestre e formador na Casa Noviciado de Sarria em 1900 e em seguida é nomeado Comendador daquela comunidade. No capítulo provincial de 1906 foi designado Reitor do Colégio São Pedro em Madri. Já em 1910 é escolhido Conselheiro Provincial e no ano seguinte Vigário Provincial. Também foi Vigário Geral e Mestre Geral, no período de 1919  a 1925, quando governa a Ordem Mercedária.

Num retiro que fez no Santuário de São Raimundo Nonato em Portell, Lérida, escreveu num caderno “ Ao pé de São Raimundo Nonato tive o desejo de ir ás missões; não sei se servirei, por isso não será obra de Deus esta ideia, mas a Ordem nisto posso servi-la, estou pronto a obedecer, pois dão-me pena os de Piaui”. Era o dia 15 de agosto de 1926. Fazia quatro anos que fora inaugurada a Prelazia de Bom Jesus do Gurgueia, onde mais tarde ele sofreria o seu calvário.

Preocupado com o futuro da missão no Piauí, Brasil, no Capítulo Geral de 1950 pede aos superiores que escolham uma província que se encarregue de enviar missionários para a missão. A encarregada foi a província de Castela por ser a mais numerosa em frades.

Com a renúncia do bispo prelado da Prelazia de Bom Jesus do Gurgueia, Dom Ramón Harrison Abello, foi escolhido Pe. Inocêncio López Santamaria para sucede-lo. Foi sagrado em Poio, Pontevedra, como bispo prelado no dia 31 de agosto de 1930, festa do mártir mercedário, São Raimundo Nonato, de quem era muito devoto. Chegou  ao Brasil, através do Rio de Janeiro no dia 5 de janeiro de 1931. A São Raimundo Nonato, cidade do estado do Piauí chegou no dia 18 de janeiro do mesmo ano tomando posse no dia 22 do mesmo mês e ano.

Uma característica marcante de Dom Inocéncio foi a preocupação pelo trabalho das Religiosas como complemento na educação moral e cívica do povo. Juntamente com Madre Margarida Maria López de Maturana foi co-fundador da Fundação das  Mercedárias de Bérriz,  conseguindo a confirmação e a benção do Santo Padre o Papa Pio XI em 1926. Também foi co-fundador da Irmãs Mercedárias Missionárias do Brasil (MMB), juntamente com Madre Lúcia Etchepare.madre_lucia_a01

Outra grande preocupação de Dom Inocêncio era o sofrimento do povo por causa das secas. Continuamente pedia  ajuda às autoridades. Não era só a fome que preocupava Dom Inocéncio, mas a situação péssima das estradas da qual ele mesmo foi vítima, tanto que não pode tomar posse da Prelazia na Sede de Bom Jesus, sendo  obrigado a permanecer em São Raimundo Nonato.

Permaneceu como Bispo no estado do Piauí por 26 anos. Em 1955, ao completar 80 anos  de idade, pediu  e foi atendido pela Santa Sé com a nomeação de um bispo auxiliar, Dom José Vazquez Díaz.

Acometido com câncer no fígado, acabou falecendo em 9 de março de 1958, no Hospital Espanhol de Salvador, na Bahia, deixando um rastro de exemplo de paciência e aceitação do sofrimento, edificando os enfermeiros e médicos que o atenderam. O seu corpo foi embalsamado e transferido para São Raimundo Nonato onde foi sepultado diante do Altar Mor da Catedral no dia 14 de março de 1958.

Nessa ocasião, escreveu o bispo auxiliar Dom José Vázquez: “ Dom Inocêncio foi verdadeiro modelo para os bispos. Um exemplo perfeito, pelas suas virtudes e pelo seu espírito de trabalho. Carregando o peso dos seus oitenta e três anos, prosseguia trabalhando como sempre. Mas foi na  derradeira doença quando sua virtude ficou mais patente. Com admirável paciência sofreu todas as moléstias , edificando a todos com sua alegria e tranquilidade no sofrimento.. Nestes 27 anos que Dom Inocêncio governou a prelazia, conseguiu para ela grandes melhorias espirituais e materiais. Formou clero nativo, fundou uma congregação mercedária, criou ginásios, etc. trabalhou incansavelmente até os últimos momentos pelo bem espiritual e temporal de seus queridos filhos. A Igreja e o estado lhe devem grande reconhecimento”.  

Por sua humildade, dedicação aos sofredores e seu grande amor pela Igreja, já em vida o povo o tinha com fama de santidade, o que foi constatado firmemente na sua morte e até hoje é venerado como bispo santo. Na sua sepultura nunca faltam flores ofertadas pelo povo simples e sofredor que acode a ele implorando graças todos os dias.