Uma extensa pauta de temas foi enfrentada, durante a Assembleia dos Bispos em Aparecida.
 
Muitas  questões da própria Igreja Católica, além de agradecerem a Deus pela recente canonização de São José de Anchieta.
 
Mas os bispos também refletiram sobre a situação social, política e econômica do Brasil, em vista das relações da Igreja com a sociedade e dos católicos com o ambiente em que vivem e atuam.
 
Em especial, a CNBB preparou e vai publicar uma reflexão sobre os desafios que os cristãos precisam encarar na sua condição de cidadãos e pessoas de fé.
 
Quem crê, também é convidado a agir na vida social em conformidade com as convicções de sua consciência, iluminada pela fé.
 
O ano eleitoral oferece uma ocasião privilegiada para participar, de forma democrática, da definição dos rumos do Brasil.
 
 A mobilização popular já levou à aprovação da “lei da ficha limpa”, que afasta de candidaturas a cargos eletivos quem deu provas de falta de confiabilidade para assumir cargos de responsabilidade pública.
 
Isso representa um avanço, mas não é suficiente.
 
Desde junho de 2013, o nosso Brasil assiste a uma série de manifestações de rua, que clamam por uma política de melhor qualidade; o “discurso das ruas” pede a atenção prioritária de governantes e legisladores para as verdadeiras necessidades da população;
 
Quando fica cada vez mais evidente não é bem comum ocupa o primeiro lugar, mas a reeleição que tem mais destaque.
 
Os cristãos não podem eximir-se de participar consciente e responsavelmente da promoção do bem do País.
 
O povo gosta de esportes, mas está sinalizando que deseja mais que isso: quer ser tratado com respeito e viver com dignidade.
 
 Os cristãos, eleitores e candidatos, precisam sentir-se profundamente interpelados a desempenhar uma cidadania ativa para a definição dos rumos que o Brasil deverá trilhar, orientados, certamente, pelos princípios da justiça, da dignidade humana e da solidariedade social.
 
A política é a arte de desenvolver o bem comum.
Por isso precisamos da política e de políticos.
 
E quando a palavra sobre questões políticas vem de representantes da hierarquia da Igreja, inflamam-se ânimos, sempre prontos a reivindicar que o Estado é laico e que religião e política devem permanecer separadas.
 
A estes últimos, vale lembrar que uma boa interpretação da laicidade do Estado resolve essa polêmica;
a Igreja Católica não quer tomar o poder do Estado e também entende que o Estado seja laico, não imponha a religião a ninguém e assegure a todos a liberdade de não crer, ou de crer e de expressar publicamente as próprias convicções.
 
Mas não se pode pretender que os cristãos, como quaisquer outras pessoas de fé, sejam alheios à política e às causas do bem comum.
 
  O “Estado laico” não pode ser invocado como pretexto para a discriminação religiosa, nem para a imposição, sobre a sociedade, de um pensamento oficial e único.
 
O papa Francisco, na sua carta – a  Alegria do Evangelho,  fala de maneira incisiva da dimensão social da ação da Igreja.
 
 E isso não significa apenas promover obras de assistência social em favor dos desvalidos, sem dúvida necessárias: trata-se de ir às implicações comunitárias e sociais da fé cristã: “no próprio coração do Evangelho aparece a vida comunitária e o compromisso com os outros” (nº 177).
 
O Evangelho de Cristo, base para a fé dos cristãos, propõe uma relação pessoal com Deus, mas também pede relações novas e coerentes com o próximo.
 
A proposta cristã é o Reino de Deus (cf Lc 4,43); trata-se de amar a Deus, que reina no mundo.
 
 Na medida em que ele reinar entre nós, a vida social será um espaço de fraternidade, de justiça, de paz e dignidade para todos.
 
Os cristãos têm muito a contribuir para o convívio social e não devem omitir-se, nem ser impedidos de participar generosamente dessa tarefa.
 
Firme na fé e fiquem com Deus.