Em setembro, a Igreja no Brasil celebra o Mês da Bíblia. Com o tema “Para que n´Ele nossos povos tenham vida” e o lema “Praticar a justiça, amar a misericórdia e caminhar com Deus (cf. Mq 6, 8)”, é proposto como objeto de estudo o livro do profeta Miqueias. O arcebispo de Curitiba e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom José Antônio Peruzzo, considera que este é o “mês de salientarmos mais aquilo que nunca deveria perder o destaque”.

O Mês da Bíblia, de acordo com dom Peruzzo, é o momento para que “a palavra de Deus possa soar e ressoar na vida do povo e na da Igreja”.

Profeta Miqueias

O profeta Miqueis atuou entre os anos 727 e 701 a.C. Seu nome tem origem em um termo hebraico que pode ser traduzido por “quem como o Senhor”. Sua origem é a aldeia de Morasti-Gat, no reino do Sul, a 35 km a sudoeste de Jerusalém.

A profecia de Miqueias inicia o estudo da segunda parte do lema proposto pelo Documento de Aparecida. De 2012 a 2015 foram estudados os quatro evangelistas a partir da primeira parte do lema “Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que n’Ele nossos povos tenham vida”. Até 2019, será aprofundado o segundo trecho do lema com a Primeira Carta aos Tessalonicenses, o livro da Sabedoria e a Primeira Carta de João, além do livro profético estudado neste ano.

Para dom José Antônio Peruzzo, os problemas, as dificuldades e as inquietações do tempo do profeta Miqueias têm “muitos pontos de encontros” com a realidade atual. Corrupção, falta de paz, a busca a Deus por interesse, a opressão, a concentração da renda e o tipo de dominação de toda natureza foram sinais que fizeram o profeta levantar a sua voz. ‘’’Se quiserem manter aquela característica e identidade de povo escolhido de Deus, façam as escolhas de Deus’”, citou dom Peruzzo. “É impressionante quantos são numerosos os pontos de diálogo entre experiência de ontem e esperança de ontem, experiência de hoje e esperança de hoje, e o profeta”, disse o arcebispo ao recomendar a leitura do livro.

Lema

“Praticar a justiça, amar a misericórdia e caminhar com Deus (cf. Mq 6, 8)” foi o trecho do livro do profeta Miqueias escolhido como lema para este Mês da Bíblia. A frase é considerada uma síntese da mensagem contida na profecia.

“O profeta Miquéias toca em muitos temas, porque no seu tempo a diversidade problemática também era grande, mas a justiça, a misericórdia e a fidelidade é o que Deus esperava de seu povo, são como que três grandes eixos que unificam a inteireza do livro”, explica dom Peruzzo.

O presidente da Comissão para a Animação Bíblico Catequética da CNBB ainda comenta que havia naquela época “toda uma dinâmica em que o rei e o reino – e também o sacerdócio e o templo – um acabava legitimando a injustiça do outro e invocava-se o nome de Deus para manter, conservar e sustentar uma espécie de realidade de muita injustiça”. A esta situação o profeta manifestava-se na defesa dos mais fracos, lembrando que Deus escolhe os caminhos dos humildes.

Para dom Peruzzo, isso vale para Igreja de hoje. “Facilmente nós poderíamos nos deixar fascinar por formas de grandeza de prestigio de imagem. Se nos esquecemos dos mais fracos, também as outras virtudes se tornam uma espécie de qualidade viciada por faltar misericórdia. A misericórdia, a solidariedade, a proximidade com irmão que conferem nobreza ao próprio culto e o profeta insistia muito nisso”, refletiu o arcebispo.

Subsídios

Para auxiliar comunidades, paróquias e dioceses, a Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB produziu três subsídios para a celebração do Mês da Bíblia. Estão disponíveis nas Edições CNBB o Taxto-Base, o livro de Encontros Bíblicos e o cartaz do Mês da Bíblia.

O Texto-Base foi preparado pelo professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e especialista em profetismo padre Cássio Murilo Dias da Silva. O subsídio apresenta informações a respeito do profetismo e dos profetas de Israel, além da contextualização social e religiosa da época do profeta Miqueias. Após estas indicações, há a reflexão e proposta de estudo sobre a releitura da profecia no Novo Testamento e a atualização da pregação do profeta em tela nos dias atuais. “Não é apenas uma questão de estudo acadêmico, mas a busca sincera e singela de aproximar Miqueias dos seus leitores de hoje”, destacou dom Peruzzo.

O roteiro de “Encontro Bíblicos” oferece cinco celebrações para a vivência em grupo, além de sugestões de cantos para estes momentos. Para dom Peruzzo, o material foi feito para a oração em grupos e em pequenas comunidades. “É para que conhecendo o Senhor, pela sua Palavra como homens e mulheres de fé queiramos ir ao seu encontro, acolhendo o modo que o profeta Miqueias propôs como caminho de fidelidade, digamos que é uma espécie de palavra humana de Deus para oferecer linguagem humana a aqueles que querem ir ao encontro dele”, disse.

Os subsídios estão disponíveis no site www.edicoescnbb.com.br

Mês da Bíblia

A motivação para a celebração do Mês da Bíblia vem do fato de a Igreja celebrar, em 30 de setembro, a memória de São Jerônimo (347-420), responsável por traduzir a Bíblia dos originais (hebraico e grego) para o latim. No Brasil, o mês da Bíblia foi criado em 1971. Assumido pela CNBB nos anos seguintes, ganhou alcance nacional.