Amados irmãos e irmãs,

Saúdo a todos(as) com as palavras do apóstolo Paulo: “Graça, Misericórdia e paz da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo nosso Senhor vos sejam concedidas abundantemente”.

Neste tempo desde aquele 05 de março, quando aqui cheguei como Bispo Coadjutor, fui agraciado pela possibilidade de conhecer e dar-me a conhecer através de visitas e acolhidas, de tal forma que hoje sinto-me a vontade para falar como alguém que se sente em casa. Agradeço imensamente a todos, a começar pelo irmão Dom Alfredo e por todos na diocese que me proporcionaram fazer parte desta família diocesana de Parnaíba.

Com a aceitação de sua Santidade, o Papa Francisco ao pedido de renúncia de Dom Alfredo, comunicada no dia 24 deste mês, a sucessão se deu automaticamente, conforme já era previsto na Bula Pontifícia. Hoje, mais do que eu tomar posse da Diocese, é a Diocese de Parnaíba que está tomando posse do seu bispo. Quero dizer com o apóstolo Paulo: “Pela graça de Deus eu sou quem sou” (1 Cor 15,10). Tudo é graça.

Saúdo agradecido a todos que aqui vieram de perto e de longe, aos irmãos bispos Dom Jacinto, nosso metropolita de Teresina, Dom Marcos Tavoni, bispo de Bom Jesus, Pe. Raimundo Duarte, Administrador diocesano de Campo Maior, minha diocese de origem.

Faço memória agradecida dos bispos que por aqui passaram: Dom Filipe Benício Conduru Pacheco, Dom Paulo Hipólito de Sousa Libório, ambos, na casa do Pai; Dom Edvaldo Gonçalves do Amaral, hoje emérito de Maceió, Dom Joaquim Rufino do Rêgo, hoje na casa do Pai, o nosso “bispo do coração” como afetuosamente é tratado, inclusive por Dom Alfredo.

A Dom Alfredo Schafller, valente missionário, à frente da diocese nos últimos dezesseis anos, a gratidão imorredoura, minha e de todos os seus diocesanos. Meu irmão, agradeço-lhe imensamente pela acolhida fraterna e simpática, desde quando saiu a minha nomeação como Bispo Coadjutor de Parnaíba. Que bom que o senhor decidiu permanecer aqui conosco, não só morando mas, com aquela disposição de colaborar, como bispo emérito, no tribunal eclesiástico, no cuidado pastoral, em Cajueiro da Praia, e certamente de muitas outras formas. O senhor tem muito que me ensinar e eu tenho muito que aprender com o senhor. Continuo contando com o senhor. Não me eixe sozinho.

Saúdo cordialmente aos padres e frades da diocese de Parnaíba, “indispensáveis colaboradores da ordem episcopal”, aos padres de outras dioceses, diáconos com suas esposas, religiosas e religiosos, seminaristas, irmãos leigos e leigas, protagonistas da evangelização nas diversas instâncias eclesiais e da sociedade. Saúdo aos meus familiares aqui representados, na pessoa de minha mãe, Dona Maria José e meus irmãos e sobrinhos. Ao meu pai peço a sua benção lá do céu.

Quero agradecer pela presença e saudar de modo especial as autoridades civis dos poderes executivo, legislativo e judiciário, e militares, e o faço na pessoa do Prefeito da cidade de Parnaíba, Dr. Florentino Veras Neto com a sua dista esposa, que me acolheram desde os primeira hora, com presteza e deferência. Saúdo às demais autoridades de Parnaíba e dos municípios que compõem a Diocese.

É graça que a nossa apresentação como 6º Bispo de Parnaíba se dê na solenidade de Nossa Senhora, Mãe da Divina Graça; no calendário litúrgico universal, festa da Natividade de Nossa Senhora.

A Palavra divina que ilumina esta solenidade, nos fala primeiramente que por meio de Maria, Mãe de Deus, cheia de Graça, recebemos Cristo que é nossa Paz. Ele é Deus que chega ao nosso mundo na natureza humana. “Na Plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher”. É a Graça maior, o fato de Deus tornar-se homem para que os homens se tornem filhos de Deus.

No trecho do evangelho proclamado, são Mateus nos apresenta a genealogia e o nascimento, no tempo, do Filho eterno do Pai. A realidade humana de Jesus, o Filho de Deus, passa através da longa história dos que o precederam. De cada um desses nomes se diz duas vezes “gerar”: uma vez como “filho”, a outra como “pai”: por exemplo, “Abraão gerou Isaac; Isaac gerou Jacó”. Esse esquema se repete até chegar em José. Aí, inesperadamente, ele se interrompe e diz: “Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Cristo” (1,16). Ao invés de dizer que José gerou Jesus, o esquema abre-se à surpresa que aconteceu por pura prodigalidade da graça divina, por meio de Maria, a Mãe da Divina Graça. Tudo é graça.

Celebramos o nascimento de Maria, cheia de Graça. Seu nascimento é um fato da história de Cristo, que por ação do Espírito Santo dela nasceu. Nasceu na história, aquele que da história é o Senhor. Assim o fez para realizar plano divino de amor e de salvação.

Tudo é graça. É graça que o senhor nos tenha recebido em sua história, você, eu a Igreja. Tantos que nos precederam como disse anteriormente. Tantos operários e operárias corajosos da vinha do Senhor.

Ao visitar as diversas paróquias de nossa diocese, do sertão ao litoral, da serra aos cocais, constantemente ouvi, uma palavra que muito me animou, “pode contar conosco”. É com todos que eu conto. Somos desafiados a acolher e anunciar a salvação de Deus, em um tempo novo, em época de transformações rápidas e profundas, em tempos de mudança de épocas, que não obstante os avanços e conquistas no mundo das ciências e da técnica, que proporcionam conforto e bem estar, também e de outro lado, afetam os valores mais profundos, como a fé, a família, a paz, a solidariedade, as relações.

O Báculo que recebi, não sirva para afugentar ninguém, mas para nos sustentar, para cuidar de todos, proteger contra as forças adversas à vida e ao reino de Deus.

A Cátedra, não seja para acomodar-me na auterefencialidade, minha nem da Igreja, mas para sinalizar a unidade de todos, e com todos os seguimentos de uma só família diocesana, como deve ser a imagem de uma Igreja particular.

Conclamo, pois a todas as forças vivas da Igreja e da sociedade: juventude, famílias, pastorais, movimentos, novas comunidades, Comunidades Eclesiais de Base, conselhos. Escutemos a voz da Palavra, através de nosso querido papa Francisco: não deixemos que nos roubem a força missionária (EG 109). Os “desafios existem para serem superados”. Partindo sempre de Cristo e na força do Espirito Santo, sejamos uma Igreja “em saída”, discípula, misericordiosa e acolhedora de todos, preferencialmente dos mais necessitados. Desejo dialogar e caminha respeitosamente com as outras igrejas e denominações religiosas. Somos todos filhos de Deus. O que nos une é maior do que o nos diferencia. Vamos todos conviver, em atitude de respeito e interdependência. Vamos construir juntos, a “civilização do amor”.

Concluindo estas minhas palavras, gostaria de dizer mais uma vez, que quero ser sempre um verdadeiro cristão entre os cristãos, um amigo entre os amigos, um irmão entre os irmãos. A fraternidade é um componente essencial da vida cristã; a amizade dá o verdadeiro tom da convivência humana. Se eu não for irmão em Cristo não posso ser um bom pastor, conforme o perfil do Bom Pastor que Jesus traçou no capítulo décimo do Evangelho de São João.

Ajudem-me, pois, a ser o amigo, o pastor dos seus sonhos. Espero, com a graça de Deus e a oração de vocês, não decepcioná-los. “A verdadeira esperança não decepciona”.

Mais uma vez agradeço a todos os que se fazem presentes e aos que se empenharam na preparação e realização desta festa de nossa padroeira.

Nossa Senhora Mãe da Divina Graça cuide de nossos corações. Caminhe sempre conosco e nos mostre o caminho de Cristo e do Reino. “Para que todos tenham vida” (Jo 10,10). Que o Senhor nos abençoe!

+ Juarez Sousa da Silva – Bispo de Parnaíba