O SÍNODO DOS BISPOS, A OPÇÃO PELOS JOVENS E O PROJETO IDE
BREVE CHAVE DE LEITURA
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no ano de 2011 aprovou
em Assembleia Geral a criação da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude
(CEPJ), que tem a missão de acompanhar o trabalho de evangelização da juventude
na Igreja no Brasil.
Em 2017 foi aprovado o Projeto IDE, que tem cinco eixos a serem
desenvolvidos na evangelização das juventudes no Brasil até o ano 2020: Missão,
formação, estruturas de acompanhamento, ecologia integral e políticas públicas. São
ações inspirados em Jesus, na Palavra de Deus, na Doutrina Social da Igreja, no
magistério de Papa Francisco, nas decisões do Sínodo dos Bispos: Os jovens a Fé e o
discernimento vocacional e do Sínodo da Amazônia. O Projeto IDE pode ser
encontrado e feito download em www.jovensconectados.org.br.
Nos dias 03 a 28 de outubro de 2018, no Vaticano, aconteceu o Sínodo dos
Bispos, e foi tornado público o Documento Final, que pode ser encontrado em
www.edicoescnbb.com.br e demais livrarias católicas.
O texto que escrevemos tem por base o Documento Final do Sínodo dos Bispos
e sua iluminação para o trabalho de evangelização das juventudes em nosso país, e é
uma breve chave de leitura que ajuda a iluminar nossa opção pelos jovens e nosso
serviço aos jovens no Brasil, especialmente através do Projeto Ide.
UM OLHAR SOBRE A JUVENTUDE
No número 10 do Documento Final do Sínodo reconhece-se a pluralidade da
realidade juvenil: “Existe uma pluralidade de mundos juvenis tanto eu em alguns
países se tende a utilizar o termo “juventudes.”
A juventude é vista de maneira positiva, como um dom para a Igreja, nos
números 63 a 72.
O número 63 afirma: “Contemplando a vida de Jesus, podemos
compreender melhor a bênção da juventude.”
O número 64 diz: “O Sínodo procurou olhar para os jovens com a atitude
de Jesus.”
No número 66 assim se expressam os padres sinodais: “Os jovens são
portadores de uma inquietude que deve, primeiramente, ser acolhida, respeitada
e acompanhada, assegurada convictamente em sua liberdade e
responsabilidade… Os jovens, em certos aspectos, podem estar mais adiantados
do que os pastores… O dinamismo juvenil é uma energia renovadora para a
Igreja, porque a ajuda a libertar-se do peso e da lentidão e a abrir-se ao
ressuscitado.”
PARA REFLETIR: Nossa missão é acolher e acompanhar esta
pluralidade juvenil, a bênção que são as juventudes de nosso país, nos regionais,
dioceses, paróquias e comunidades. Como fazer isso?
AS MISSÕES JUVENIS
O número 115 diz: “Madalena se torna a primeira discípula missionária.”
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL

Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB
SE/Sul Quadra 801 – Conj. B – Brasília – DF – 70.200-014 – Fone: 2103 8300 – [email protected] – Site.: www.cnbb.org.br
No número 56 afirmam os padres sinodais: “Existem grupos de jovens muito
ativos na evangelização de seus coetâneos por meio de um claro testemunho de
vida, em linguagem acessível, e a capacidade de estabelecer relações genuínas de
amizade.”
No número 125 se afirma: “A vida sinodal da Igreja é essencialmente
orientada para a missão. Os jovens, abertos ao Espírito, podem ajudar a Igreja a
realizar a passagem pascal da saída “do eu” individualisticamente entendido
para “o nós” eclesial.”
No número 160 os padres sinodais afirmam: “Por isso, o Sínodo propõe a
valorização das experiências missionárias dos jovens.”
As experiências missionárias são decisivas na vida da juventude, como espaço
de formação integral e discernimento vocacional. Várias vezes durante o sínodo foi
apontada esta relevância e partilhamos as experiências de missão jovem.
O número 127fala da comunhão missionária, uma missão em diálogo e
voltados para as periferias do mundo.
Um capítulo todo vai falar de um relançar-se na missão, nos ambientes
digitais, nos contextos interculturais e inter-religiosos, ecumenismo, valorizando o
papel das mulheres, os números 144 a 156.
O número 23 afirma: “Em muitos países, a web e as redes sociais são agora
um lugar indispensável para alcançar e envolver os jovens, até mesmo em
iniciativas e atividades pastorais. “
Os números 145 e 146 falam da importância do mundo digital, dos jovens
nativos digitais: “No entanto, esses são os mesmos jovens eu pede para serem
acompanhados em um discernimento a respeito de modos maduros de vida em
um ambiente fortemente digitalizado, a fim de aproveitar as oportunidades e
evitar os riscos.”
PARA REFLETIR: Como estimular e ampliar esta experiência
missionária juvenil tão importante?
A FORMAÇÃO DE ASSESSORES E COORDENADORES
O tema da formação dos acompanhantes de jovens foi debatido e
aprofundado, ficando claras as qualidades necessárias que a pessoa deve ter nesta
missão, nos úmeros 101 a 103. Os números 157 a 164 tratam da formação integral.
A arte do discernimento vocacional, que vem a partir de uma experiência, de
um encontro com a pessoa de Jesus, diz o número 62.
A arte de discernir é aprofundada nos números 104 a 113. Diz o número 104:
“O discernimento corresponde à dinâmica espiritual mediante a qual uma
pessoa, um grupo ou uma comunidade busca reconhecer e abraçar a vontade de
Deus em sua realidade concreta: “examinai tudo e guardai o que for bom”(1Ts
5,21).
O número 101 diz: “De muitas maneiras, os jovens pediram-nos para
qualificar a figura dos acompanhadores. O serviço de acompanhamento é uma
verdadeira missão, que exige disponibilidade apostólica daqueles que a
prestam.”
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O número 102 diz: “um bom acompanhador é uma pessoa equilibrada, de
escuta, fé e oração, que se enxerga em suas próprias fraquezas e fragilidades. A
consciência de eu acompanhar é uma missão que exige profundas raízes na vida
espiritual.”
O número 103 dirá: “Finalmente, deve-se recordar eu as características
essenciais do nosso ser Igreja eu suscitam um grande apreço por parte dos
jovens são a disponibilidade e a capacidade de trabalhar em equipes; atuando
assim, a formação dos jovens será mais significativa, eficaz e incisiva,”
PARA REFLETIR: O que o Sínodo nos ensina neste campo da assessoria,
da formação, do acompanhamento e no discernimento vocacional?
ESTRUTURAS DE COMUNHÃO
Os números 16 diz: “Constatou-se ainda eu diferentes grupos paroquiais,
movimentos, associações de jovens realizam um processo efetivo de
acompanhamento e formação dos jovens na fé.”
Continua no número 16: “A Jornada Mundial da juventude, assim como os
encontros nacionais e diocesanos, desempenha um papel importante na vida de
muitos jovens, porque oferece uma experiência viva de fé e comunhão, eu os
ajuda a enfrentar os grandes desafios da vida e a assumir, de forma responsável,
o próprio lugar na sociedade e na comunidade eclesial.””
O número 36 mostra a importância do grupo para os jovens, lugar de amizade e
relações: “A amizade e as relações, muitas vezes em grupos mais ou menos
estruturados, oferecem a oportunidade de fortalecer as habilidades sociais e
relacionais em um contexto no qual elas não são avaliadas e julgadas. “
O número 56, já apresentado na reflexão sobre missões juvenis, diz que os
jovens têm capacidade de estabelecer relações genuínas de amizade: “Existem
grupos de jovens muito ativos na evangelização de seus coetâneos por meio de
um claro testemunho de vida, em linguagem acessível, e a capacidade de
estabelecer relações genuínas de amizade.”
O número 85 ressalta a importância dos diferentes carismas e ministérios na
Igreja e que “sejam acolhidos com reconhecimento e valorizados com sabedoria.”
“Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de
ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há diferentes atividades, mas é o mesmo
Deus que realiza tudo em todos.”(1Cor 12, 4-6)
O número 118 fala em colegialidade da missão e sinodalidade missionária e
relembra que Papa Francisco afirma que: “O caminho da sinodalidade é
precisamente o caminho eu Deus espera da Igreja no terceiro milênio.”
No número 120 os padres sinodais pedem “que se propague a “chama” de
tudo aquilo que nestes dias experimentamos.”
O número 123 diz: “Uma característica deste estilo de Igreja é a valorização
dos carismas que o Espírito concede segundo a vocação e o papel de cada um de
seus membros, por meio de um dinamismo de corresponsabilidade.”
O número 156 diz: “São os jovens que hoje nos pedem para avançar rumo à
plena comunhão.”
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PARA REFLETIR: Que passos podemos dar para estimular a comunhão
entre as diferentes expressões juvenis?
ECOLOGIA INTEGRAL
Os números 46, 52, 151,152,153,154 falam da participação dos jovens na
economia, na política, no trabalho e no cuidado da Casa Comum.
O número 76 diz: “Quando os jovens estão comprometidos em cultivar a
sobriedade ou o respeito pelo meio ambiente.”
O número 127 afirma: “A fidelidade ao evangelho orientará este diálogo em
busca de respostas ao duplo grito dos pobres e da terra ”.
Ressalta-se no número 153: “Os jovens impelem a Igreja a ser profética
neste campo, com palavras, mas sobretudo com escolhas que mostrem ser
possível uma economia amigável à pessoa e ao meio ambiente. Juntos com eles
podemos fazer isso.”
Diz o número 154: “Com relação às questões ecológicas, será importante
oferecer diretrizes para a implantação concreta da Laudato Si nas práticas
eclesiais.”
PARA REFLETIR: Que reflexões e ações podemos realizar para
alimentar e fazer frutificar a sensibilidade ecológica que as juventudes têm?
A PARTICIPAÇÃO ATIVA DOS JOVENS
O número 46 diz: “Ainda que de modo diferente das gerações passadas, o
engajamento social é um traço específico dos jovens de hoje. Em iniciativas de
voluntariado, cidadania ativa e solidariedade social. O engajamento social e o
contato direto com os pobres continuam sendo uma oportunidade fundamental
para descobrir ou aprofundar a fé e discernir a própria vocação.”
O número 52 afirma: “Diante de contradições sociais, muitos jovens querem
por em prática seus talentos, habilidades e criatividades, assim como estão
dispostos a assumir responsabilidades. Dentre as questões mais importantes
para eles, destacam-se a sustentabilidade social e ambiental, a discriminação e o
racismo.”
O número 74 diz: “Por meio da fraternidade e da solidariedade vivida com
os últimos, os jovens descobrem…”.
O número 127 afirma: “A fidelidade ao evangelho orientará este diálogo em
busca de respostas ao duplo grito dos pobres e da terra ”.
No número 151 se afirma: “A Igreja está empenhada em promover uma
vida social, econômica e política em nome da justiça, da solidariedade e da paz,
tal como os jovens pedem fortemente.”
O número 154 diz: “Muitas intervenções enfatizaram a importância de
oferecer aos jovens uma formação a respeito do engajamento sociopolítico e da
fonte que a doutrina social da Igreja representa a esse respeito. Os jovens
envolvidos na política devem ser apoiados e encorajados a trabalhar por uma
mudança real a s estruturas sociais injustas.”
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PARA REFLETIR: Como abrir espaços para esta participação,
protagonismo e cidadania ativa que os jovens têm?
A OPÇÃO PELOS JOVENS
O número 54 reconhece que “Eles são o presente da Igreja e não apenas seu
futuro.”
“Os jovens são um dos lugares teológicos”, diz o número 64.
O número 115 diz: “Em consonância com a inspiração pascal de Emaús, o
ícone de Maria Madalena (Jo20, 1-18) ilumina o caminho eu a Igreja quer
percorrer com e para os jovens como fruto deste Sínodo: um caminho de
ressureição, que conduz ao anúncio e à missão.”
O número 117 diz: “Todos os jovens, sem exceção, estão no coração de
Deus e, portanto, também no coração da Igreja.”
No número 138 se afirma: “O anseio à fraternidade, tantas vezes emergiu
da escuta sinodal dos jovens, que pedem que a Igreja seja “uma casa par muitos,
uma mãe para todos.”
O número 160 afirma: “O processo sinodal tem insistido no crescente desejo
de dar espaço e corpo ao protagonismo juvenil.”
Para mim, como padre sinodal, o número 119, que foi o mais emblemático.
A opção pelos jovens, que fora citada várias vezes durante o sínodo, não aparecera na
primeira redação do documento final.
Então fiz uma emenda e 33 padres sinodais assinaram, entre eles 8 cardeais,
e a opção foi aprovada no Documento Final do Sínodo: “A Igreja em seu conjunto –
no momento em que este Sínodo escolheu ocupar-se dos jovens – fez uma opção
muito precisa: considera esta missão uma prioridade pastoral histórica, na qual
se deve investir tempo, energias e recursos financeiros.”
O número 161 completa dizendo: “Em muitas ocasiões, ressoou, no salão
sinodal, um veemente apelo para eu se invistam, para os jovens: entusiasmo
educativo, tempo e recursos financeiros.”
Ao final do Sínodo, um cardeal comentou comigo: “Dom Vilsom, o Sínodo
fez a opção e disse como a opção deve ser vivida: dedicando tempo, energias e
recursos financeiros com os jovens.”
PARA REFLETIR: A opção pelos jovens exige tempo, energias e recursos
financeiros. Como tornar isto real, visível, um fato em nossas paróquias e
comunidades?
A PARÓQUIA – LUGAR DE VIVER A OPÇÃO PELOS JOVENS
A paróquia é o lugar para demostrar efetivamente a opção pelos jovens,
acolher e valorizar as juventudes, abrindo espaços físicos de acolhida para que os
jovens possam se encontrar, aprofundar sua fé, conviver, praticar esportes e lazer
sadio. Destacamos os números 18, 128 a 132 e 143.
O número 129 diz: “A paróquia deve, portanto, ser repensada
pastoralmente, em uma lógica de corresponsabilidade eclesial e de impulso
missionário.”
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PARA REFLETIR: O que fazer, que espaços promover para que os jovens
sintam a igreja e a paróquia como sua casa, se sintam em casa?
UM CHAMADO À SANTIDADE
No número 165 afirmam os padres sinodais: “Com efeito, somente a partir
da única vocação à santidade, pode-se articular as diferentes formas de vida,
sabendo que Deus nos quer santos e espera que não nos resignemos com uma
vida medíocre, superficial e indecisa.”
No número 166 diz-se: “Devemos ser santos para poder convidar os jovens
a tornar-se santos. Os jovens clamam por uma igreja autêntica, luminosa,
transparente e alegre: somente uma Igreja de santos pode atender a estes
pedidos.”
Continua afirmando o número 166: “Os jovens precisam de santos eu
formam outros santos, mostrando assim que a santidade é o rosto mais belo da
Igreja.”
No número 177 se conclui dizendo: “Por meio da santidade dos jovens, a
Igreja pode renovar seu ardor espiritual e seu vigor apostólico. Os jovens santos
nos impulsionam a voltar ao nosso primeiro amor.”(Ap2,4)
PARA REFLETIR: O desafio está lançado. É possível estimular, falar,
debater sobre esta temática com os jovens?
OS DISCÍPULOS DE EMAÚS
O texto bíblico que é o fio condutor do documento final do sínodo os
jovens é Lucas 24, os discípulos de Emaús: caminhava com eles, os seus olhos se
abriram e partiram imediatamente. É a inspiração para acompanhar os jovens em
seu discernimento vocacional, os números 91 a 103.
Que o Espírito nos ajude para que sejamos nós também aqueles que têm a
atitude de escutar, caminhar junto e apoiar as juventudes em nossas realidades locais.
E apresentamos, durante o Sínodo, a importância desta opção ser vivida em
primeiro lugar por nós padres sinodais e depois que a levássemos aos irmãos do
episcopado, nas igrejas particulares, e a todas as pessoas eu acompanham os jovens.
Que as decisões do Sínodo nos iluminem e nos ajudam no caminho que
seguimos concretizando a opção pelos jovens e o Projeto Ide, com os eixos da
missão, formação, estruturas de acompanhamento, ecologia integral e políticas
públicas.
Dom Vilsom Basso, SCJ
Bispo de Imperatriz – MA
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB